Bem-vindo à
Casa-Museu Aires Torres

E eu vou subindo… Encantam-me estas fragas
Assim duras, caladas, pensativas…
Garras de tojos erguem-se agressivas,
Ásperas e raivosas como pragas.
(...)
Como um antigo rei dominador,
Olho, orgulhoso, a terra à minha volta.
Gigantes de granito como escolta,
Olham-me atentos, mudos, em redor.

Amor! Ó meu amor!... O teu olhar…
Não é mais funda a noite, nem tão escura…
Deixa perder nos teus meus olhos doloridos,
Olhos de cismas... olhos de sol-pôr…
Deixa afundar, diluir esta amargura…
Leva-me a alma, leva-me os sentidos,
Leva-me a vida toda… Amor!

Muito juntinha a mim! assim!...
Muito juntinha a mim! (...)

Há momentos só meus, de mais ninguém.
Sou eu dum lado; e do outro lado o mundo.
E então sou eu sozinho;
E então sou vagabundo
Em busca da verdade entre quimeras;
E então nunca mais sei do meu caminho,
Perdido pela noite, em matagais sombrios,
Sobre sulcos de dor…rastos de feras…

– Sim, um café, que venha quente.
Tantos…
A paisagem humana. Uma selva de gente.
Tantos…
E ninguém conhecido. E todos iguais.
E todos diferentes.
(…)
E todos perto. E todos longe. E todos nada.